Os papas João XXIII (1881-1963) e João Paulo II (1920-2005) vão ser canonizados em 27 de abril, anunciou hoje (30) o papa Francisco
em latim. A data de canonização foi escolhida por Francisco durante o
consistório de cardeais (reunião para dar assistência ao papa em suas
decisões), realizado hoje no Vaticano. A cerimônia deverá atrair
milhares de peregrinos a Roma, já que o papa polonês e o antecessor
italiano são duas das mais influentes personalidades do mundo católico
atual.
"Fazer a cerimônia de canonização dos dois juntos é uma mensagem para a
Igreja: esses dois são bons", declarou Francisco ao voltar da visita ao
Brasil, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, em julho
passado.
Para a canonização, a Igreja exige normalmente dois milagres
confirmados, embora Francisco tenha aprovado a de João XXIII - com quem
partilha uma perspetiva reformista - baseado em apenas um.
O primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o trono de
Pedro de 1978 a 2005, teria ocorrido seis meses depois da morte, quando
uma freira francesa disse ter sido curada da doença de Parkinson, por
meio de orações feitas a ele. Karol Wojtyla foi beatificado em 1º de
maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatificou João XXIII em 3 de
setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos.
Em 2005, durante o funeral de João Paulo II, a multidão gritou
várias vezes: "Santo Subito!" (Santo Já!), levando o Vaticano a acelerar
os procedimentos necessários à canonização, que são iniciados,
normalmente, cinco anos após a morte.
João XXIII ficou na história como o papa que promoveu o Concílio
Vaticano 2º (1962-1965), revendo os rituais e doutrinas da Igreja, e
defendeu a aproximação a outras religiões.
Muitos comparam o papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder
da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade,
simplicidade e sentido de humor.
Francisco terá dispensado o reconhecimento de um segundo milagre para a
canonização de João XXIII, também aprovada pela Congregação para as
Causas dos Santos. Os participantes do Concílio Vaticano 2º, em 1965, já
tinham pedido a canonização do papa, a quem pretendiam homenagear por
conduzir a Igreja para tempos modernos.
O papa argentino também promete ser reformador, tendo já iniciado uma
revisão da burocracia e das finanças do Vaticano, e defendendo uma
"Igreja para os pobres".
Na terça-feira, Francisco iniciará três dias de conversações com um
conselho de oito cardeais, que nomeou para ajudá-lo a repor a ordem na
Cúria, a administração da Igreja atingida por vários escândalos, e
melhorar a comunicação entre o Vaticano e as igrejas locais.
Especialistas em Vaticano disseram não ser evidente a divulgação
de pormenores dos encontros, mas os católicos liberais esperam que o tom
de conciliação, adotado por Francisco em muitas questões, se traduza em
ações.
Essas questões poderão incluir o papel das mulheres na Igreja, o casamento de padres, a comunhão para os católicos divorciados e que voltaram a casar e a posição do Vaticano sobre a homossexualidade e o clero homossexual.
(Fonte: Agência Lusa).