Foi
realizada na quinta-feira (11), audiência publica na cidade de Cocal,
promovida pela AVABA, Associação das Vitimas da Barragem dos Algodões
que tem como presidente o Prof. Corsino Medeiros dos Santos. O objetivo
do evento era criar o pacto ambiental para liberação do licenciamento
da construção da Barragem de Algodões II. Em junho de 2009 o Piauí foi
surpreendido com o rompimento da barragem causando 12 vitimas fatais, a
morte de milhares de animais e grandes prejuízos materiais e
psicológicos aos moradores.
Quatro anos se passaram e as vítimas continuaram amargando o
desconforto material e psicológico causado pela tragédia do rompimento. A
barragem do Algodões foi uma obra construída no governo Mão Santa para
possibilitar a sobrevivência de milhares de pessoas que residiam e
trabalhavam às margens do rio Pirangi. Era uma grande obra analisada
pelo ponto de vista técnico e social. Como toda barragem, precisava de
manutenção por parte do órgão responsável, no caso o governo estadual.
Os
moradores preocupados com a omissão do governo Wellington Dias que
deixou a barragem abandonada, informaram à Emgerpi o risco do
rompimento. Com medo, as famílias abandonaram o local, mas mesmo com as
fortes chuvas de maio, o governo estadual orientou os moradores a
voltarem para suas casas, afirmando não haver perigo de rompimento. A
ABAVA lembra que havia na mesma ocasião, ordem judicial determinando o
afastamento das famílias em todos os povoados.
Os
moradores acreditaram na Emgerpi, retornaram para as suas residências
e logo depois aconteceu a grande catástrofe que vitimou milhares de
pessoas residentes em Cocal e Buriti dos Lopes.
Após
4 anos as famílias que perderam tudo o que tinham, inclusive entes
queridos, além da tragédia, são vítimas também do descaso do Estado que
além de não indenizá-los com justiça, piorou a situação afastando os
moradores das terras que possuíam, alojando-os precariamente em
agrovilas que não tem a menor infraestrutura. Lá falta água,
calçamento, estrada e área para plantio e criação de animais. Não se
pode esquecer que as vítimas são pessoas trabalhadoras que viviam da
agricultura e da pecuária e hoje não tem como sobreviver.
Ouvimos
a professora Veronica Brito, uma das vitimas de Algodões, que falou: “
temos que começar tudo de novo, reaprender a viver, perdemos tudo. Temos
que guardar os sentimentos e as dores e trabalhar muito. O governo nos
deu credito nas lojas de 5 mil reais e 60 reais por mês que é muito
irrisório e ainda atrasa, estamos aguardando as indenizações e queremos a
recuperação da terra para que volte a ser agricultável.”
O
presidente da Associação das Vitimas, sr.Corsino Ribeiro, disse que a
barragem vai ser construída sobre uma terra arrasada que não produz mais
nada. O edital de licitação não leva em conta a situação das pessoas
que lá moravam, tudo foi destruído mata ciliar, vidas humanas e nada
foi feito.
O
prefeito de Cocal Rubens Vieira, foi enfático em afirmar que a
reconstrução da barragem é um sonho da população de Cocal, o rompimento
foi uma das maiores tragédias acontecidas não só em Cocal mais no
Brasil, as vitimas ainda não foram indenizadas. A nova barragem vai
melhorar a vida das pessoas. Até agora não foi feito nada pela as
famílias, só agrovilas que de agro não tem nada. É uma vila sem água e
sem a mínima estrutura. As casas são casebres que não cabem mais que
duas pessoas e ainda hoje estão sofrendo por falta de amparo do governo
do Estado da época. Espero que na reconstrução as vítimas sejam
absorvidas como mão de obra.
Segundo o promotor Tulio Ciarline, o Ministério Público ajuizou ações contra o Estado. Encontra-se em tramitação.
A
Audiência Pública realizada ontem, teve o objetivo de clamar por
justiça e reivindicar ao Estado a responsabilidade com o meio
ambiente, a justa indenização às vítimas, áreas produtivas, crédito com
assistência técnica para poderem resgatar a dignidade e a identidade da
agricultura familiar.
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