O Prefeito Florentino Neto (PT) anuncia aos quatro cantos da cidade,
em coro com seus assessores, que dispõe de R$ 40 milhões em caixa para
“transformar” Parnaíba em um canteiro de obras no próximo ano. Razoável o
tempo de 9 anos para descobrir o que fazer numa prefeitura!
Fico
intrigado com a suposta eficiência administrativa que resulta nesta
economia. Em tempos de crise, dever-se-ia enaltecer a competência de
guardar tanto dinheiro não fosse a inoperância da gestão nos mais
diversos serviços que o poder público local deveria estar prestando à
população parnaibana.
Este fato nos remete a algumas reflexões:
primeiro, que estratégia é essa de querer mostrar num ano de eleição que
está se fazendo o que não se fez em 9 anos? Parnaíba não é nenhuma
“Morro Cabeça no Tempo”, com meus respeitos a esta pobre cidade que fica
no sul do estado onde os políticos de lá agem administrativamente
visando tão somente retorno eleitoreiro; segundo, a que preço se
construiu essa “poupança”, pois os serviços públicos permanecem
medíocres tanto quanto nos 8 anos do governo anterior e que ele mesmo
(Florentino) reconheceu em campanha, dizia que iria “revolucionar” a
gestão (leia-se os seus discursos e o plano de governo); terceiro, este
valor não atende o básico e prioritário às populações mais carentes
desta cidade, comunidades desassistidas historicamente, mas que amargam
desprezo notadamente nestes últimos 9 anos.
Vamos a um exemplo
concreto, apenas um entre tantos: ineficiência e falta de abastecimento
d’água nas comunidades Alto do Moreno, Alto do Batista, Chafariz,
Rosápolis, Parque José Estevão, Lagoa da Prata, Km 12 ao 16, Baixa da
Carnaúba, Olho D’água, dentre outras. E o transporte público, e o
matadouro, e a saúde, e a educação, e o “piscinão”, e os banheiros do
São Vicente de Paula, e a pavimentação, e as praças, e os camelôs, e os
mercados da Guarita, Fátima e Caramuru, e o trânsito, e... já chega!!!
Só para lembrar que tudo isso era parte de um discurso forte,
contundente e balizador de uma gestão que seria democrática,
transparente e eficaz. Já passamos quase um ano e nada disso foi feito.
Com o agravante conhecimento de causa do prefeito sobre a “máquina” administrativa!
Como
a estratégia do gestor é “fazer bonito” no ano da eleição, certamente
prioridades levantadas nos fóruns de “orçamento participativo” serão
contempladas ou não... Como diz um assessor do prefeito e que não pode
ser revelado senão perde a boquinha: “o homem tem tudo esquematizado
para o próximo ano!”.
Não consigo compreender como se deixa de
cuidar da cidade, cuidar das pessoas. Daquilo que é mais elementar,
daquilo que pode proporcionar o alívio de dor da maioria dos parnaibanos
que sofrem ao ver seus filhos migrando para outros centros por falta de
oportunidade, sofrem em busca de tratamento de saúde em Teresina por
que aqui, apesar de ter a gestão plena ainda não se conseguiu fazer o
elementar da sua competência que é o atendimento de urgência e
emergência. A propósito, como estão nossos postos de saúde? Você conhece
algum que tenha capacidade instalada técnica e operacional a ponto de
evitar a ida de quem precisa ao inevitável “Dirceu Arcoverde”? Mesmo que
seja para arrancar uma unha...
Talvez o governo federal tenha
acertado em cheio ao impor a municipalização desses setores, obrigando
constitucionalmente o gestor a investir 25% e 15% em educação e saúde,
respectivamente (sim isso é investimento, para muitos é “gasto”).
Estaria na hora de ampliar estes índices? Talvez só assim pudéssemos ter
mais recursos nestas áreas. Com tanto dinheiro em caixa, a prefeitura
de Parnaíba não investe quase nada com recursos próprios, o que leva a
dedução de que não há compromisso com a sociedade, pois estes são os
pilares para quem se propõe a promover o bem-estar social, razão maior
do governo, aplicando corretamente os recursos públicos e garantindo
mais qualidade de vida à população.
As críticas que faço têm sido
sistemáticas por que sinto a flacidez na gestão. Dizem uma coisa e
fazem outra. Prometeram o céu e nem sabem o caminho. Gestão obtusa!
O
fazer exige três condições básicas: conhecimento do que se quer fazer
(saber); desejo de fazer (querer); e, sentimento empregado no fazer
(amor). Sem saber, sem querer e sem amar o que faz, dificilmente vai se
ter atitude de execução balizada no respeito, na humildade e no
compromisso que se deve assumir, especialmente quando tratamos com a
coisa pública.
Destes R$ 40 milhões quanto será empregado nestas
comunidades: João XXIII, Alto do Moreno, Alto do Batista, Chafariz,
Rosápolis, Parque José Estevão, Lagoa da Prata, Km 12 ao 16, Baixa da
Carnaúba, Olho D’água?? É esperar para ver!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.
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