Ela faz de tudo por ele: sacrifica o convívio com a família, a reputação, a biografia, tudo, tudo. Serve-lhe café e enxuga o suor de seu rosto em público. E o que recebe em troca? A mais perversa das sentenças: a perda do mandato e, consequentemente, do foro privilegiado, indispensável a uma ré por corrupção na Lava Jato.
Ela é Gleisi Hoffmann, ele o ex-presidente e “viva alma mais honesta deste país” – sendo assim, dispensa ser nominado.
Rejeitada nacionalmente e ainda mais em seu estado, o Paraná, Gleisi não tem chance alguma de reeleger-se senadora. Apesar de viver no universo paralelo petista, ela está ciente disso, a ponto de ter tornado público o desejo de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, muito mais fácil de ser obtida.
Mas Lula, o ingrato – aquele que não poupa sequer a reputação da finada esposa, a quem atribui os crimes do qual é acusado –, quer que a Gleisi se ferre, disputando o Senado novamente, como informa a coluna “Expresso”, da revista "Época".
Lula argumenta que, se deixar de concorrer, Gleisi estará admitindo previamente a derrota dela e do partido.
Muy amigo este Lula: é melhor que, para salvar a pele, Gleisi, a fiel, admita com antecedência a derrota inevitável, e se agarre à boia salvadora da Câmara, do que atestá-la depois, quando não terá mais ao que apelar.
Quanto a Lula, que personifica a derrocada do PT, bem, não há como se precaver como Gleisi. Pois, uma vez condenado – e isto é tão certo quanto o dia que precede a noite (ou será a noite que sucede o dia?) –, não terá em que se agarrar para escapar do xilindró.
---
Em tempo, Lula é duplamente ingrato, pois, ao mesmo tempo em que atira Gleisi às feras, sabota o projeto político do aliado Roberto Requião, que, com Gleisi no páreo, ficaria ainda mais fragilizado.
Em tempo, Lula é duplamente ingrato, pois, ao mesmo tempo em que atira Gleisi às feras, sabota o projeto político do aliado Roberto Requião, que, com Gleisi no páreo, ficaria ainda mais fragilizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário