Por ZÓBIA SKARTINNI e JULYANA REYS.
MIDIA LATINA; EUROLATINA; AGNOT; Em Buenos Ayres, 10.12.2010 18h00. Com o objetivo de evitar o debate de temas incômodos para a política norte americana como a instalação de bases militares na Colômbia, a reativação da 4ª Frota; o combate ao narcotráfico que financia políticos norte americanos, dentre outros assuntos, grupos da direita que fazem parte do Parlasul, através da apresentação de uma proposta de recomendação a ser votada na próxima segunda feira, dia 13 , na reunião em Montevidéu, através de parlamentares simpáticos á política estadunidense, a direita lá representada por alguns deputados e senadores que compõem a Representação Brasileira naquele Parlamento tentará mudar o Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul, modificando os artigos que hoje obrigam á eleição de cidadãos brasileiros no exercício de seus direitos para que sejam eleitos apenas congressistas com mandato e simpáticos aos EUA, segundo Carlos Tovar, sindicalista, argentino e Coordenador do Comitê Argentino de Defesa do MERCOSUL.
Um grupo liderado por parlamentares brasileiros historicamente defensores da política norte americana articulados com parlamentares da Argentina, Paraguai e Uruguai já tem em mãos proposta elaborada por diplomatas norte americanos alterando basicamente as regras de uma eleição que já começou a ser disputada, declarou Tovar, que chamou a ação de Operação Rio da Prata II.
Semana passada no Brasil, movimentos sociais, deputados e senadores já haviam denunciado a ingerência dos EUA na tentativa de evitar as eleições diretas para o Parlasul no país, quando diplomatas norte americanos conseguiram evitar que um Projeto de Lei apresentado pelo Deputado Carlos Zarattini, do PT\SP, tramitando em regime de urgência urgentíssima fosse votado, conseguindo que o mesmo ficasse engavetado por parlamentares de sua confiança até depois das eleições passada. A denuncia foi apresentada também sob pedido de informação apresentado pelo Deputado Eugênio Rabelo, PP\CE, e posteriormente pelo Senador Mão Santa, PSC\PI, que se solidarizou com o deputado cearense e mostrou a preocupação das ações dos EUA na política interna brasileira. Os dois pediram também uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar tais denuncias e a caixa de pandora que são os gastos da Representação Brasileira no Parlasul.
Após ser descoberta uma verdadeira conspiração do silêncio onde nenhuma informação sobre o Parlasul era passada para a opinião pública dos quatro países pelos seus componentes, e caso não se denunciasse o esquema montado as eleições diretas jamais se realizariam, agora um grupo liderado por parlamentares brasileiros no Parlasul querem mudar o Protocolo para prorrogar os próprios mandatos no Parlamento do MERCOSUL , que terminam dia 31 próximo, e alterar o Artigo 11, referente aos incisos 2 e 3 do Protocolo que garante a representação de cidadãos no Parlamento, e proíbe a escolha de senadores e deputados, e que com a alteração, totalmente contrária aos princípios do Direito Internacional e Constitucional Comparado fere os princípios éticos e morais que norteiam o mesmo Protocolo e garantem a prorrogação dos mandatos e a eleição de parlamentares próximos politicamente aos Estados Unidos, hoje mais vigilantes junto aos aliados e atuando através de suas embaixadas no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Segundo Carlos Tovar os movimentos sociais argentinos e uruguaios estão se mobilizando para evitar o que chamou de picaretagem institucional, praticada pelos parlamentares do Parlasul, que querem acumular mandato e vantagens financeiras, como diárias e influencia nos respectivos países. Tovar disse que vai pedir a parlamentares progressistas e que compõem a esquerda argentina que investigue o envolvimento de políticos daquele país com o governo dos Estados Unidos e a CIA.
Já o Coordenador Geral do FOSPUL, Fórum Brasileiro de Organizações Populares de Defesa do PARLASUL no Brasil, advogado Acilino Ribeiro, também Coordenador Nacional do MDD, Movimento Democracia Direta, e principal articulador das eleições diretas para o Parlasul no país, disse que semana passada estava na América Central e foi informado por militantes dos movimentos sociais da região de que estava acontecendo uma tentativa de manobra, com ações desenvolvidas por diplomatas norte americanos sob orientação do Departamento de Estado e a coordenação dos Serviços Secretos e de Inteligência dos EUA e da direita sul americana, mas especificamente grupos argentinos e uruguaios para evitar a aprovação de resoluções nos respectivos congressos nacionais das resoluções que garantem a participação popular no Parlasul. Como também foi informado de que senadores paraguaios estão recebendo orientação dos EUA em Assunção para não aprovarem a entrada da Venezuela no MERCOSUL.
A informação chegada aos militantes que defendem as eleições diretas para o Parlasul e confirmada por Acilino Ribeiro, é de que nesta segunda feira, dia 13, como nenhuma Resolução aprovada pelo Parlasul ainda tem força de lei, e portanto nenhum país será obrigado a aceitar, mesmo que essa seja a vontade dos EUA, a direita tentará aprovar as seguintes recomendações a serem encaminhada ao CMC, Conselho do Mercado Comum, que se reúne dia 17 e assim respaldar sua proposta: Segundo Acilino as alterações a serem tentadas serão as seguintes: 1. Alterar o artigo 11 do Protocolo Constitutivo do Parlasul, revogando sua aplicabilidade já a partir de 1º de janeiro de 2011, como já é determinando e colocando que o mesmo passe a valer e seja aplicado somente a partir de 2014; 2. Alterar as Disposições Transitórias, que determina e estabelece que a - “primeira etapa da transição”: é o período compreendido entre 31 de dezembro de 2006 e 31 de dezembro de 2010. e a - “segunda etapa da transição”: é o período compreendido entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2014. Segundo informações colhidas o documento a ser apresentado e que agrada aos embaixadores dos Estados Unidos no MERCOSUL é de que a primeira fase seja estendida até 2014, facilitando assim a prorrogação dos mandatos dos atuais ocupantes das cadeiras do Parlasul, e caso seja necessário a eleição de mais algum, que sejam parlamentares com mandatos, considerando ser mais fácil o controle pelas embaixadas norte americanas, conforme relato passado a Acilino Ribeiro.
Três projetos de Resolução estão para ser votados nos respectivos Senados dos três países, regulamentando estas eleições indiretas, o que despertou o interesse norte americano devido ao grande número de assuntos que lhes interessa no Parlasul e caso para lá fossem escolhidos agora, ou eleitos em 2012, militantes de esquerda como foi anunciado pela grande mídia nacional , como integrantes do MST, CUT, MDD, UNE e CPT iria gerar problemas sérios á diplomacia estadunidense.
Arturo Echeverria, professor e sindicalista paraguaio informou que agora fica claro que a ação dos EUA na América do Sul é de um projeto de dominação política completa e que vai aos mínimos detalhes evitando as eleições diretas no Parlasul e criminalizando os movimentos sociais, lembrando uma entrevista do Coordenador Nacional do MST, João Pedro Stédile, onde o líder dos sem terra afirma, conforme matéria publicada na imprensa de que: ''Os EUA são os maiores terroristas do mundo''. O documento da inteligência norte-americana vazado pelo web site Wikileaks e que menciona o MST (Movimento dos Sem-Terra) é, para um dos maiores líderes da entidade, uma prova da ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do Brasil e da América Latina. Para João Pedro Stédile, um dos coordenadores nacionais do movimento, a mensagem diplomática que trata os sem-terra como um "obstáculo" para a criação de uma legislação antiterrorista no Brasil "revela, infelizmente, como o governo dos EUA continua tratando os países da América Latina como meras colônias que devem obedecer e serem orientadas". Mais adiante Stédile diz que: "Todos sabemos que o governo e o Estado do EUA são na atualidade o maior terrorista do mundo", "O Estado norte-americano comete todo tipo de crimes contra a humanidade, possui mais de 800 bases militares em todo o mundo, financia e pratica golpes de Estado, como o que destituiu recentemente o presidente Manuel Zelaya; mantêm dezenas de prisioneiros sem nenhum amparo das Nações Unidas em Guantánamo; atacaram o Iraque e lá mataram mais de 300 mil civis apenas para controlar o petróleo, já que se comprovou a mentira das armas químicas; atacaram o Afeganistão com a desculpa da busca por Bin Laden, que sempre foi amigo da família Bush; e, pior, financiam toda a sua máquina de guerra emitindo dólares sem controle, como uma moeda internacional, a que todos os países do mundo têm de se submeter".
Ao lembrar a entrevista de Stédie, Echeverria afirmou que, “ o que os EUA estão fazendo no MERCOSUL é o mínimo de terrorismo, e o pior ainda estar por vir,” lembrando também que o Coordenador Nacional do MDD, Acilino Ribeiro já tinha denunciados as manobras da CIA e a Operação Rio da Prata a mais de dois anos, e que chegou o momento das autoridades brasileiras, argentinas, paraguaias e uruguaias investigarem essas ações, comparadas somente a ação conjunta dos EUA, quando a CIA, Agência Central de Inteligência, coordenou a Operação Condor, concluiu.
FONTES MIDIA.LATINA; AGNOTMUNDO; INTERPRESS.DIPLOMATIK; ASSIMPSUL; INTERPRENSA. 10.12.10 – As 18.h00 - ZS e SC.
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